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Herança familiar e preservação do território
Céu cinza, nuvens densas escondendo o azul característico da tão vasta região do Penedès, concretamente Sant Sadurni d’Anoia, a capital do espumante… Tínhamos prevista uma visita a uma vinícola e, na verdade, temia o passeio entre as videiras, a chuva fria esquivando um guarda-chuva de mostra, encharcando o barro e os meus sapatos, está claro que era minha primeira visita e que nada sabia sobre Maria Rigol Ordi!
Para minha surpresa (e alivio!) o endereço nos levava ao centro da vila, a um edifício com portas altas, imponente, relativamente moderno e que desentoa um pouquinho com o conjunto local. Com a bem-vinda da anfitriã da visita, me dei conta que dessa vez não pisaria terra, nem veria as videiras, já que, digamos, essa é uma vinícola que entra na categoria de vinícola urbana, que por certo não é a única no Penedès!




A família Maria Rigol Ordi são elaboradores de vinho desde finais do século XIX, quando o avô da família, que era comerciante de vinho, se interessou pelo mundo dos espumantes e começou o seu processo de elaboração no ano 1897. Durante os anos setenta, com a crise que teve o sector do vinho, a vinícola se decompôs e pararam a produção. Felizmente, uma década depois, uma das herdeiras, a senhora Maria Rigol Ordi, movida pela saudade que sentia dos espumantes da família, decidiu elaborar algumas garrafas, somente para uso familiar, mas os amigos e vizinhos que provavam vinham comprar de maneira informal e ela continuou elaborando, e em mais quantidades, até que por volta do ano dois mil, com Anaïs Manobens no comando, decidiram modernizar e fazer melhoras para uma melhor produção e distribuição dos já reconhecidos e muito solicitados espumantes que produziam.
A vinícola Maria Rigol Ordi, desde as suas origens, somente elaboram espumantes, seguindo o processo tradicional do champagne; com uvas de vitivinicultores exclusivamente da região do Penedès, de origem ecológica desde o ano 2015, e de variedades nativas, como a Xarel·lo, a Macabeo e a Parellada.
Os seus espumantes seguem um método de elaboração de esplêndida qualidade. Com as uvas colhidas a mão, transportadas em poucas quantidades, com prensado da uva inteira, sem desengaço, nem esmagamento, com o uso exclusivo do mosto da primeira prensada e com o giro manual das garrafas e a degola seguindo o método mais ancestral, a degola quente.
O resultado desse cuidado se pode apreciar nas quatro coleções que expressam a tradição, o território, e o legado familiar, mas sem deixar de lado a visão de futuro e inovação do produto, como são os espumantes da coleção Microtiratges, que se elaboram desde o ano 2013, em experimentações com coupages de diferentes variedades de qualidade excelente, criando espumantes irrepetíveis. Além da Microtiratges, as outras coleções se classificam dependendo do tempo de criança, que vão de 15 a 48 meses, em Brut, Reserva e Gran Reserva, em formatos de garrafa clássico e magnum. Todos conservados num espaço milimetricamente aproveitado até o momento do etiquetado e distribuição.
Depois da visita para conhecer a história da vinícola e as instalações, degustamos alguns dos seus espumantes mais clássicos. Se podem ver as notas de degustação, em espanhol, em Maria Rigol Ordi.
Rosat Reserva, (espumante rosé), variedade Pinot Noir,
Brut Nature, variedades Xarel·lo, Macabeo e Parellada,
Reserva, variedades Xarel·lo, Macabeo e Parellada.
Essa visita e degustação fazia parte de iniciativa Puertas Abiertas, organizado pela Confradía del Cava (Confraria do Champagne) e a AECAVA-Associación de Elaborades de Cava, oportunidade para as vinícolas darem a conhecer os seus espumantes e processos de elaboração. Nessa ocasião Maria Rigol Ordi abriu as suas portas em prol duma ação solidaria, onde o importe requisitado ia integramente como donativo à organização Manos Unidas.
Abaixo imagem da sra. Maria Rigol Ordi, quem nos anos oitenta, recuperou o legado da família na elaboração de espumosos,
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